Por Jorgina Manuela
O sector de seguros em Angola evoluiu significativamente de um monopólio estatal para um mercado liberalizado e competitivo, impulsionando o desenvolvimento socioeconómico do país, ao proteger indivíduos e empresas contra riscos e promovendo a estabilidade económica.

Afirmação foi avançada pelo secretário de estado para finanças, Ottoniel dos Santos, nesta terça-feira, em Luanda, durante o seu discurso de abertura da ll Conferência de 50 anos de seguros em Angola- Retratos, Impactos e Desafios, realizado pela ASERG, ( Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros). Apesar de desafios como a baixa penetração e a necessidade de uma maior cultura de seguros, o sector tem potencial para crescimento através da inovação tecnológica e produtos como os microseguros, contribuindo para a maior inclusão financeira.
A instabilidade macroeconómica em Angola representa um desafio significativo para o sector de seguros e fundos de pensões, afectando a rentabilidade, a gestão de activos e a confiança do mercado. Para Ottoniel dos Santos, o impacto inflação elevada, que superou o crescimento do mercado de seguros em anos recentes, erode o poder de compra dos consumidores e o valor das poupanças. Os aumentos nos preços de bens e serviços resultam em maiores custos de sinistros para as seguradoras. Em resposta, as empresas precisam elevar os preços das apólices, o que pode afastar clientes. “A depreciação do kwanza, moeda nacional, diminui o poder de compra dos prémios de seguro, não especialmente para produtos de longa duração, como os de vida,” afirmou
A instabilidade do kwanza frente a outras moedas, como o dólar, gera incerteza para as seguradoras. O governante ressaltou que, “Estes riscos de flutuação cambial complica a gestão das carteiras de investimento, principalmente para apólices que dependem de activos estrangeiros para garantir retornos. As seguradoras que actuam com apólices em moeda estrangeira ou têm passivos em outras divisas enfrentam perdas com a desvalorização cambial.
No sector de fundos de pensões a inflação e a desvalorização da moeda corroem o valor real das poupanças acumuladas nos fundos de pensões, reduzindo a rentabilidade dos participantes.”
Salientou ainda que, “A instabilidade macroeconómica cria um ambiente desafiador para a gestão dos investimentos dos fundos de pensões. Os gestores enfrentam dificuldades em encontrar activos que ofereçam retornos reais positivos, após descontar a inflação.
Para compensar a perda do poder de compra, os participantes podem pressionar os fundos por retornos mais altos, o que aumenta o risco das carteiras de investimento”. Face as adversidades macroeconómicas e desafios de enquadramento internacional, Ottoniel dos Santos, acrescenta que, o sector registou um crescimento robusto na produção de prémios;
Robustez nos rácios de solvência;
Prémios como as contribuições cresceram de forma entusiasmante;
Maior e melhor protecção para as pessoas, bens, poupanças e investimentos.
” No entanto, existem desafios que precisam ser endereçados como a baixa penetração de produtos de seguros e pensões junto da população, que em parte é fruto da baixa literacia financeira. Alguns dos Impactos na economia são: Fonte de investimento a longo prazo
Diversificação de investimentos,
Redução da incerteza e estímulo ao investimento,
Resiliência económica.
Alguns dos Impactos na sociedade são:
Protecção financeira para famílias,
Fortalecimento da protecção social.
O ambiente regulatório, supervisionado pela ARSEG, busca se fortalecer, mas ainda enfrenta desafios para garantir a sustentabilidade e a conformidade do sector.
Contudo, apesar destes tremendos desafios para lidar com a instabilidade macroeconómica, o sector de seguros e fundos de pensões em Angola vai poder adoptar as seguintes medidas:
Diversificar as carteiras de investimento, incluindo activos atrelados à inflação, para proteger o capital.
Utilizar mecanismos de protecção para mitigar os riscos, cambiais e da inflação. Desenvolver produtos de seguro e de pensões inovadores que possam se adaptar a cenários de alta inflação, volatilidade, e
Aumentar a literacia financeira da população para conscientizála sobre a importância do sector e as formas de protecção em um cenário instável. Frisou Ottoniel dos Santos
O sector angolano de seguros e fundos de pensões demonstra resiliência e crescimento notáveis, mesmo em cenários económicos complexos. A inovação e a digitalização enfrentam vários desafios, que incluem desde a baixa literacia financeira até a necessidade de modernizar a regulação. A superação desses obstáculos é crucial para impulsionar a resiliência e o crescimento do sector. “Ao abraçarmos a tecnologia, aumentarmos a literacia financeira e ampliarmos a cobertura, o sector não só se protegerá contra riscos, mas também se tornará um motor essencial de estabilidade e desenvolvimento económico para todos os angolanos. O crescimento sustentado exige uma parceria sólida entre regulador, seguradoras, gestoras de fundos de pensões, mediadores de seguros e, sobretudo, a população,” sublinhou
O secretário de estado, destacou ainda que, o sector tem a capacidade de ser um catalisador estratégico para o desenvolvimento de longo prazo do país. ” Ao investirmos na modernização das nossas operações, na transparência e na educação do mercado, fortalecemos não apenas as nossas empresas, mas também a poupança e a segurança dos cidadãos. Esta é a nossa oportunidade de consolidar um mercado financeiro mais maduro e robusto, onde a confiança mútua e a visão de futuro pavimentam o caminho para uma Angola mais segura e próspera,” referiu.

